A caminhada com o Mountain Lodges of Peru é uma ralação com luxo.
Havia uma grande expectativa. Acabáramos de chegar em um sítio arqueológico inca após algumas horas de trilha montanha acima. Do outro lado do vale, a menos de 5 quilômetros em linha reta, esperávamos avistar pela primeira vez um dos locais mais inspiradores do planeta, o objetivo final daqueles 6 dias memoráveis de caminhada por montanhas, vales e rios. E…… não víamos nada. Zero! Uma neblina intensa que nos acompanhava desde cedo não queria ceder e eu já começava a me conformar com os fatos. De repente, uma pequena janela. Alguém gritou; eu vi! E fechou, tudo branco novamente…
Porém os apus, espíritos das montanhas na mitologia andina, não fariam isso conosco, gente vinda de longe para apreciar uma das grandes maravilhas do mundo. Um pouco antes de começarmos a nossa descida, ela surgiu. Misteriosa, fascinante, a cidade perdida dos incas que passou 4 séculos escondida em meio a floresta; Machu Picchu! Surgiu para nós em meio a nuvens, uma pintura enquadrada entre as montanhas de Huayna Picchu e Machu Picchu.
Para não haver confusão: o verdadeiro nome dessa joia construída no século XV sobre um promontório rochoso a mais de 2.400 metros de altitude ninguém sabe ao certo. Mas isso hoje pouco importa, Machu Picchu é para todo o mundo a imagem inspiradora que conhecemos bem, esta cidadela inca da qual ainda há tanto para se descobrir.
Mas a nossa experiência foi mesmo muito além da visita à esse ícone das civilizações antigas que nos precederam. Para chegar lá percorremos por uma semana a trilha de Salkantay com o Mountain Lodges of Peru. Salkantay é o pico culminante da cordilheira de Vilcabamba, nos andes peruanos, e o nome de uma das trilhas mais famosas do mundo. Montain Lodges of Peru é a principal empresa a organizar expedições por essa rota e a única a operar no confortável esquema lodge to lodge.
No segundo dia partimos cedo para a Lagoa de Humantay, a pouco mais de 2 horas do lodge confortável onde passamos a noite. Nos acompanhou esse dia uma figura simpática, vestido em traje típico, calçando sandálias e tocando a sua flautinha andina enquanto caminhávamos para o alto. Celso conduziria nas margens da lagoa uma cerimônia aos apus.
Independente de credo, a ideia é proporcionar uma experiência especial, uma viagem de conhecimento à cultura quechua, à história de uma civilização que prosperou a margem de tudo que se conhecia como mundo civilizado até então. A Lagoa de Humantay é um lugar absolutamente deslumbrante. Mergulhar em suas águas de degelo valeu cada músculo congelado.
Éramos um grupo de 12 viajantes, mais 2 guias e uma equipe para dar conta de toda a infra-estrutura e logística envolvidas em todo o percurso. A caminhada com o Mountain Lodges of Peru é ralação com luxo. A cada dia um lodge confortável e aconchegante. A cada dia uma boa surpresa e uma jacuzzi quentíssima a nos receber. Comemos muito bem, dormimos ainda melhor! Nossos guias, Felix e Claudio, foram realmente excepcionais, cuidaram de um grupo heterogêneo e garantiram tudo funcionando perfeitamente. Não houve em uma semana pergunta sem resposta. A não ser sobre o paradeiro da verdadeira cidade perdida dos incas…..
No terceiro dia juntos o entrosamento do grupo cresce, ou deteriora de vez! Mas a turma foi boa, a energia de todos em uma viagem como essas é muito positiva, e a medida que se conhece melhor seus companheiros, melhor fica a caminhada. Nesse dia havia alguma preocupação para algumas pessoas do grupo, a caminhada rumo ao passo do Salkantay é uma superação.
Acima dos 4.600 metros há uma mudança na forma como nossos corpos lidam com uma menor quantidade de oxigênio. Felizmente o 911, como era chamado o cavalo que nos acompanhava para qualquer eventualidade, não precisou ser acionado, todos terminaram inteiros.
Desafio superado, dali em diante o caminho seria majoritariamente para baixo. Aguas Calientes, porta de entrada para Machu Picchu, está a pouco mais de 2.000 metros de altitude. Trilharíamos nos próximos dias por vales, seguindo as águas que lá na frente se juntam ao rio Urubamba e seguem por uma longa jornada até o rio Solimões.
Nosso destino para a terceira noite foi o Wayra Lodge, um abrigo cheio de charme, erguido no sopé de montanhas nevadas, com paredes de pedras e especialmente aconchegante após um dia frio e molhado como havia sido aquele.
A logística organizada pela equipe do Mountain Lodges não é simples. Garantir estrutura com total conforto para grupos trilhando por diversos dias em lugares onde só se chega a pé é um tremendo feito. São cozinheiros, cavalos de carga, tropeiros, motoristas e mais uma porção de gente fixa nos lodges ao longo da trilha.
A medida em que se desce a paisagem muda, a temperatura sobe, flora e fauna se tornam mais densas e presentes. No último abrigo da sequência, o Lucma Lodge, a vegetação mais rala dá lugar a árvores de grande porte, a oferta de ar aumenta, flores diversas abundam e pássaros incríveis dão as caras.
Nesse ponto a expectativa de conhecer um dos lugares mais espetaculares que uma civilização antiga produziu começa a crescer. A civilização inca é o ponto culminante de povos sul americanos organizados, até onde se sabe, desde 3.500 A.C. com a civilização de Caral.
Após o avistamento (que felizmente!) tivemos de Machu Picchu do outro lado vale, descemos a íngrime encosta até a usina hidrelétrica de onde parte um trem rumo a Aguas Calientes.
Deixamos o clima intimista dos lodges só para o nosso pequeno grupo para nos hospedar em um hotel grande, porém não menos confortável e bem estruturado; o Inka Terra. Cercada por montanhas majestosas, a movimentada Aguas Calientes não é propriamente uma cidadezinha caprichada ou charmosa, a bem da verdade chega a ser bizarra com suas incontáveis gambiarras. Mas o lugar realmente tem uma atmosfera muito boa, são turistas do mundo inteiro se movimentando, dezenas de bancas coloridas vendendo tudo que é coisa, restaurantes, hospedagem para todos os bolsos e uma linha de trem às margens do rio Urubamba centralizando a vida na cidade.
Machu Picchu
Do alto de Huayna Picchu é difícil reconhecer para onde se está olhando. A clássica montanha presente em todas as imagens da cidade inca é uma atração a parte. A subida ingrime e o visual arrebatador, vale cada degrau. Foi um presente inesperado do Moutain Lodges of Peru, já que o número de pessoas pessoas é limitado e há necessidade de comprar a permissão com bastante antecedência.
Pela manhã havíamos feito a última atividade com o grupo, um giro pela cidadela conduzido por nosso guia, uma enciclopédia da história e cultura quechua. A engenhosidade do incas é um negócio que impressiona, Machu Picchu, envolta ainda em tantos mistérios, como a sua verdadeira finalidade ou o motivo de ter sido de repente abandonada pelos incas, é de um planejamento meticuloso e inteligente.
Um dia para visitá-la e usufruir de toda a sua história e energia é pouco, por isso decidimos ignorar o cansaço e seguimos firmes em nossa maratona inca! Assim que descemos de Huayna Picchu partimos para a extremidade oposta de Machu Picchu; a Porta do Sol. Local icônico, é de lá que se tem o primeiro avistamento da cidadela quando se trilha pelo tradicional caminho inca. É um visual igualmente arrebatador, o ângulo clássico que tanto conhecemos. Sem pensar duas vezes, vale muito o esforço extra.
Havia ainda uma reservinha de disposição, e como a fila do ônibus que faz a descida no fim da tarde não é lá tão pequena, fizemos a ladeira de volta a Aguas Calientes a pé. Embarcados no trem rumo a Cusco, fim de uma semana memorável e muito gratos pelo que nos foi proporcionados pelo Moutain Lodges of Peru, seus guias Felix e Claudio e por toda a equipe sempre tão eficiente. Valeu!!
Dessas montanhas fascinantes do Peru há tanto ainda para se conhecer. Exploramos só uma pequenina parte, a mais famosa sem dúvida, de tudo que foi uma civilização extraordinária. Cultura que permanece em boa parte viva, carregada com orgulho por um grande número de peruanos com os quais convivemos durante as duas semanas que estivemos pelo país. Voltaremos!
Informações úteis
Quando ir
O Mountain Lodge of Peru opera a trilha de Salkantay entre Março e Dezembro. A estação seca vai de Abril à Outubro. Fomos no final de outubro, e nossa viagem foi marcada por dias lindos e temperaturas amenas. Pegamos mau tempo somente quando subimos acima de 4000m.
Lodges
Os lodges são um verdadeiro luxo quando se está isolado em uma trilha. Com jacuzzi, aquecimento, suítes, uma equipe simpática para te receber após horas de trilha com toalhas quentes e um drink de boas vindas. Cada lodge possui 6 suítes e acomoda apenas o seu grupo de trilha o que aumenta a intimidade da equipe, com exceção do Salkantay lodge que tem capacidade para acomodar 2 grupos de uma única vez. São no total 4 acomodações diferentes ao longo da trilha todos construídos com as técnicas tradicionais da construção inca.
Gastronomia
Um chef exclusivo acompanha o grupo durante toda a trilha. Cada noite um cardápio de 3 pratos é oferecido nos apresentando o melhor da comida típica peruana. Já o almoço é servido de maneira diferente ao longo dos dias: um dia box lunch, outro em uma barraca, nos lodges e um restaurante de montanha. O café da manhã é servido nos lodges antes de começar a caminhada diária e para beliscar durante o dia são oferecidos snacks.
Como chegar
Você deverá voar para Cusco, e se hospedar por no mínimo 3 noites na cidade para se aclimatar. No primeiro dia da trilha o Mountain Lodge cuidará do seu transfer até o primeiro lodge. Leia nossas dicas de hospedagem em Cusco.
Altitude
A cidade de Cusco está localizada a 3400 metros acima do nível do mar, e o passo de Salkantay está a 4.600m por isso é imprescindível se aclimatar por 3 dias em Cusco ou outro lugar com altitude semelhante.
Machu Picchu
A trilha de Salkantay termina na hidrelétrica de Aguas Calientes, neste dia você irá se hospedar no Inka Terra, um ótimo hotel, com excelente gastronomia. No dia seguinte muito cedo o grupo anda até o ponto de ônibus onde se enfrenta uma fila para pegar o transfer que leva a cidade Inca. O hotel, ônibus, entrada de Machu Picchu, ticket de Huayna Picchu, tour pela cidadela e o retorno para Cusco estão inclusos no valor da tarifa.
Tarifa
A partir de U$3.240/pessoa na baixa temporada e U$3.750 na alta temporada por 7 dias, full board.
Contato
Agradecimento
Vivi & Marcelo vestem The North Face.
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