Com sua gastronomia típica, deliciosos doces e muita história, Minas Gerais está sempre presente nos melhores roteiros turísticos.
Congonhas: Igreja Bom Jesus de Matosinhos
Venho planejando desde 2016 fazer essa viagem para o estado de Minas Gerais, conhecido não só por sua gastronomia típica e deliciosos doces, mas também por suas cidades cheias de história que nos remetem a época de colônia portuguesa.
Nessa curta viagem de 6 dias, pudemos conhecer vários lugares muito legais, comer bem e fazer vários programas interessantes! Acompanhe dia por dia abaixo:
:: Dia 1 – Inhotim ::
Nossa viagem começou em Belo Horizonte logo cedo, onde alugamos um carro e fomos para o imperdível Instituto Inhotim, incrível museu a céu aberto na cidade de Brumadinho, que fica a 60 km de Belo Horizonte.
O local é um imenso parque de arte contemporânea com obras espalhadas pelo percurso e em galerias exclusivas. Um dos pontos fortes é o lindo paisagismo ao longo do passeio, com vários lagos e muito verde. Entre tanta coisa para se admirar, algumas coisas me marcaram mais, como a obra do Chris Burden com 71 vigas de aço presas no solo, a Galeria do Matthew Barney instalada no meio da mata e construída em uma cúpula de vidro, a Galeria Psicoativa Tunga que é hiper criativa e Galeria Adriana Varejão.
O mais aconselhado para quem for a Inhotim é dividir sua visita em 2 dias para aproveitar com calma todas as atrações e almoçar por lá mesmo. Existem várias pousadas na região, para todos os tipos de bolso, que acolhem os visitantes do museu.
:: Dias 2 e 3 – Tiradentes ::
Nosso próximo destino foi Tiradentes. A caminho de lá, paramos na cidade de Congonhas e começamos nossa imersão na história do Brasil colonial. Congonhas certamente é um dos principais destinos históricos de Minas Gerais e vale muito a pena a visita. Fomos ao Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, provavelmente a atração mais visitada da cidade, e conhecemos os 12 profetas que que estão frente da igreja, esculpidos por Aleijadinho.
Nascido em 1730, Aleijadinho é um dos maiores artistas mineiros e suas obras estão presentes em praticamente todas as cidades que visitamos. Aproveite para visitar as capelas dos passos da paixão de Cristo que estão à frente do Santuário e que são bem bacanas também! Outra atração incrível foi o Museu de Congonhas que explica tudo que tem na praça do Santuário logo a frente.
Chegando em Tiradentes nos hospedamos na Pousada Solar da Serra. A pousada é super charmosa, novinha e está localizada bem próxima – 2 km do centro da cidade. Com uma vista incrível das montanhas, essa é uma ótima opção de custo/benefício para quem procura um pouco mais de sossego. A Pousada tem uma piscina linda com fundo infinito e vista para as montanhas e conta ainda com uma jacuzzi quentinha para curtir o pôr do sol do fim do dia. Para começar bem o dia, café da manhã bem mineiro com doces, pães, café e leite.
A cidade Tiradentes foi fundada no auge da produção de ouro (séc. XVIII) e tornou-se um dos centros históricos da arte barroca mais bem preservados do Brasil. Lá pudemos conhecer a arquitetura colonial nas construções de igrejas, museus e casarões presentes em quase todas as antigas ruas de paralelepípedo.
Entre as atrações interessantes, visitamos o Museu de Sant´Ana que foi o programa que mais gostamos.
Com padrão internacional, administrado pelo Instituto Cultural Flavio Gutierrez, ele apresenta 302 imagens da Santa Ana, mãe da Virgem Maria e avó de Jesus Cristo. As peças foram produzidas entre os séculos XVII e XIX. Tudo isso contado dentro da cadeia da cidade, com uma linguagem fácil e gostosa. Não deixe de espiar a masmorra da cadeia! Vale muito a pena a visita.
Fomos também ao Museu da Liturgia e o Museu Padre Toledo, onde foi a casa do sacerdote inconfidente. A casa é uma construção do final do século XVIII, com arquitetura colonial e onde foram realizadas diversas reuniões dos integrantes da Inconfidência Mineira.
Entre as igrejas visitadas, a Matriz de Santo Antônio é a mais conhecida por ser a 2º igreja com mais ouro do Brasil – 482 kg de ouro. Vale observar a frente da catedral desenhada por Aleijadinho e, no interior, o imponente órgão português do final do século XVIII.
Interessante entender que as famílias doavam ouro e, assim, podiam enterrar sua família próximo ao altar. Essa também foi uma forma de compensar o não pagamento do quinto a Coroa Portuguesa ao fazer doações a igreja, que tinha muita força política. Cheio de história, vale ouvir a explicação de um guia.
Tiradentes é bem charmosa e seus festivais gastronômicos escolheram o lugar certo já que a cidade tem excelentes restaurantes. Almoçamos no Viradas do Largo ou Restaurante da Beth Beltrão. Foi muito bom e comemos frango com ora-pro-nóbis (hortaliça), prato super típico! Certamente o melhor restaurante da cidade é o Tragaluz, onde tivemos uma noite especial. Super bem atendidos pelo Leandro, o restaurante está instalado em uma casa de 300 anos encantadora e com poucas mesas e luz baixa. Começamos a noite com uma entrada de queijo serra da canastra e meia cura, acompanhando o vinho mineiro Maria Maria (Syrah). Combinação perfeita, ainda mais com jazz rolando suave. O prato principal também estava muito gostoso, onde comemos uma carne alta com massa recheada de queijo da região e um peixe com purê de banana da terra flambado na cachaça. Com certeza vale guardar um espacinho na barriga para famosa Goiabada Frita Tragaluz de sobremesa. Com goiabada cascão prensada na castanha de caju, frita na manteiga e deitada em cama de catupiry…me abre o apetite só de pensar nessa noite. Tragaluz é um must-go!
Se tiver um pouquinho mais de tempo, vale dar uma chegada na cidade de Bichinho, logo ao lado de Tiradentes, famosa por seu artesanato. Lá almoçamos no restaurante de comida típica mineira “Tempero da Ângela”, comida simples mas super variada e gostosa.
Um programa que optamos por não fazer foi pegar a maria fumaça em Tiradentes para fazer o passeio até São João Del Rei. Apesar de curiosos, dado o pouco tempo, fomos de carro mesmo antes de seguir viagem. Em São João Del Rei visitamos com guia a Igreja São Francisco de Assis, uma das mais conhecidas, e demos uma caminhada rápida em busca de um cafezinho mineiro.
A cidade também recebe alguns eventos bem legais de cinema, cultura e gastronomia ao longo do ano. Vale a pena se informar!
:: Dias 4 e 5 – Ouro Preto ::
Nosso próximo destino foi Ouro Preto, para onde fomos novamente dirigindo de carro. Vila Rica de Ouro Preto já foi capital de Minas Gerais e uma das principais cidades do Brasil colonial. Ouro Preto é diferente de Tiradentes em vários sentidos. É uma cidade com muito mais ladeira, com diversas minas de ouro em seu subsolo e com uma importância histórica muito maior.
Ouro Preto foi a primeira cidade brasileira considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco.
Está em um dos principais locais do ciclo do ouro e ainda conta com algumas minas desativadas para visitação. Caso opte por conhecer alguma, somente informe-se antes se a mina é muito fechada pois pode causar claustrofobia.
Ficamos hospedados ao lado da praça Tiradentes, marco central da cidade, na Pousada Mondego. Pertencente ao roteiro de charme, a pousada é mais sóbria, com quartos grandes e muito bem localizada. Os pontos negativos são que ela é um pouco antiga, não possui ar condicionado e nem todos os quartos tem uma vista tão legal. Outra opção de hospedagem é o Hotel Solar do Rosário. Um pouco mais distante do centrinho, o hotel é bem bonito, com quartos amplos, piscina, ar condicionado e um restaurante tido como um dos melhores da cidade.
O ponto forte de Ouro Preto são as inúmeras e lindas igrejas. Visitamos a Igreja São Francisco de Assis (com mais obras de Aleijadinho e classificada como uma das 7 maravilhas de origem portuguesa). Vale apreciar o lindíssimo teto da capela que foi pintada pelo Mestre Ataide, celebrado pintor e decorador mineiro. Além da Igreja Nossa Senhora do Carmo (imagem abaixo) e a Matriz do Pilar…
… vale pegar um guia para entender alguns detalhes históricos ou mesmo sobre a construção e arquitetura da época.
Ao lado da igreja N.S. do Carmo tem o Museu do Oratório, gerido pelo mesmo Instituto Cultural Flavio Gutierrez (Sant´Ana). Novamente, vale bastante a pena visita-lo com atenção. As peças são lindas, muito bem conservadas, bem explicadas e o local conta com um totem eletrônico para explicar melhor o museu. Trouxe até um oratório para casa de souvenir!
Falando ainda em museu, fomos ao Museu da Inconfidência, na praça Tiradentes. Montado onde era a antiga cadeia e a casa da câmara, o museu conta com um acervo que apresenta da arte regional do século XVIII até as peças históricas da época da inconfidência. Também visitamos a Casa dos Contos, antiga sede da Administração Pública da cidade que serviu para diversos fins, inclusive de cárcere para os inconfidentes mineiros. O local também arrecadava o ouro e o transformava em barra para a coroa portuguesa recolher o quinto (20% do ouro extraído era pago sob a forma desse imposto). No museu ainda pode ser encontrada uma senzala com objetos utilizados nessa época e salas de exposições como da Moeda e do Fisco. Fomos ao Museu de Mineralogia, mas não curtimos muito!
Apesar de Ouro Preto não ser tão conhecido por sua gastronomia, o Restaurante Bené da Flauta não deixou nada a desejar a cidade vizinha. Recepcionados pelo proprietário Philipe Versiani, o local tem uma proposta de gastronomia fina regional, com adega de vinhos, cervejas e cachaças. O restaurante apresenta um ambiente mais requintado e aconchegante do que os demais que conhecemos. Com um salão bem amplo e arejado, o casarão colonial fica ao lado da igreja São Francisco de Assis. Aceitei a sugestão do chef e comi o prato “menina do sobrado”, carne de sereno refogada no pirão de mandioca, acompanhado por purê de abóbora e arroz de alho. Estava bem saboroso.
Outra opção na cidade é o Restaurante O Passo que conta com música ao vivo (final de semana) e tem um cardápio bem variado. Seu forte é a pizza.
:: Dia 6 – Mariana ::
Antes de encerramos a nossa viagem, voltando para BH, onde pegaríamos avião para São Paulo, paramos na cidade de Mariana para conhecer a famosa Mina da Passagem.
Diferente das outras de Ouro Preto, essa mina foi industrializada e explorada pelos ingleses. A mina encontra-se a 120 metros de profundidade da superfície, para onde se desce de trolley. Conhecida como a maior mina do mundo para turismo, ela tem um pé direito bem alto, é super ventilada e é gigantesca em suas extensas galerias. Até lago para mergulho com cilindro ela possui! Vale a visita.
A viagem às cidades mineiras foi um super aprendizado sobre história do Brasil, onde apreciamos arte, arquitetura e suas lindas igrejas, pudemos comer bem e ficar bem hospedados. Com certeza vale muito a visita.
Como últimas dicas, muitos locais não aceitam cartão de crédito ou cheque, portanto, ande com dinheiro. Além disso, o clima pode ser bastante quente e seco, assim leve chapéu, água, caminhe de tênis e quem sabe até levar uma mochila para carregar as comprinhas J ! Até a próxima!