A casta italiana é a mais rica em polifenois e excelente para o Coração.
Direto da Úmbria
Nos primeiros dias de outubro tivemos a visita do simpático, Carlo Cappuccio, diretor de exportação do renomado produtor Arnaldo Caprai, cujas vinhas e vinícola ficam localizadas em Montefalco, na Úmbria, no centro da Itália.
Os vinhos de Arnaldo Caprai são os mais prestigiados da Umbria e estão sempre, sai ano entra ano, entre os melhores de todo o país. Cappuccio é mais um representante de um importante produtor de vinhos internacional interessado em entender melhor nosso mercado, com vistas a fazer as vendas crescerem por aqui. Produzidos pela casa, são mesmo sensacionais e para a felicidade de Cappuccio com um enorme potencial de crescimento, pois são quase ou totalmente desconhecidos por aqui. Quem prova um bom Sagrantino di Montefalco, por exemplo, não esquece. Nesse momento vale ressaltar que a Itália é muito mais que seus Barolo e Brunelllo, que são sem dúvidas os maiores flagships do país, quando o assunto são os grandes tintos, mas não são os únicos.
Itália, uma gama sem fim de uvas indígenas
Único país do mundo a produzir vinhos em todas as regiões. A Itália oferece uma infinidade de uvas autóctones que vão desde o Norte até o Sul, do leste ao oeste, do arquipélago da Sicilia e da Ilha da Sardenha. É impressionante como são únicas e com tipicidade. Na maioria das vezes essas castas representam uma região ou uma denominação de origem. Hoje vamos abordar uma casta que reina absoluta em Montefalco , na Úmbria, na produção de tintos de exceção.
A Sagrantino di Montefalco
Os Umbros costumam se orgulhar ao extremo, pois dizem de boca cheia, que é a Uva Sagrantinoa que mais polifenóis contém, ou seja, é a casta que produz vinhos, que mais fazem bem para o sistema cardiovascular. Os polifenóis são os responsáveis por um sem fim de benesses ao coração do ser humano. De todos os polifenóis hoje temos um que está em destaque, o Resveratrol, que tem ação anti-inflamatória, anticancerígena e é responsável pela diminuição dos níveis de açúcar no sangue.
Assunto controverso, pois frequentemente outros estudos trazem que uma outra uva tem mais dessas substâncias. Se não for a número 1 está entre as mais ricas com relação a substâncias antioxidantes como os já citados polifenóis, poliflavonóides, etc. A maioria dos tintos produzidos a partir dessa casta são retintos, escuros, com impressionantes taninos e uma personalidade incomum. Podemos ter também vinhos doces à base dessa uva, mas são os secos, que vem conquistando dia a dia mais adeptos por serem repletos de opulência, corpo e intensidade.
4 vinhos, sendo 2 maravilhosos Sangrantino in purezza.
Cappuccio e seu importador me convidaram para um almoço exclusivo, onde apresentaram 4 vinhos, todos tintos. Os dois primeiros vinhos foram o Anima Umbra Rosso 2006 e o Montefalco Rosso 2005. Esses dois tintos, não são Sagrantino predominantes. O primeiro, o entry level da casa, é elaborado a partir de Sangiovese (85%) e Canaiolo (15%). Um vinho de médio corpo correto e que pode competir sem problemas com muitos Chianti da vizinha Toscana. O Montefalco Rosso 2005 também tem predominância da Sangiovese (70%) com Merlot (15%) e o restante de Sagrantino. Um tinto de cor rubi intenso e brilhante. A fruta madura é presente com toques de leves de baunilha. Em boca apresenta bom corpo. Gostoso, firme e muito agradável. Excelente final de boca.
Os dois últimos tintos foram o Sagrantino di Montefalco Collepiano e o Sagrantino di Montefalco 25 annni, ambos da excelente safra de 2004 e produzidos a partir de 100% Sagrantino. Dois vinhos muito exuberantes e excepcionais. O Collepiano é impressionante na cor. Retinto. A primeira impressão no nariz é fabulosa. Muita cereja negra madura seguida de deliciosa madeira e nuances de baunilha, com um final selvagem e fresco. A marca do conjunto aromático é o equilíbrio.
No palato, é fantástico aliando sensualidade, força e muita personalidade. Um vinhaço, que está muito perto de seu irmão no topo de gama da casa, o Sagrantino 25 anni. Foi degustado há exatos 2 anos atrás. Nesse período melhorou muito, mas continua sendo um vinho de guarda. Melhorará na garrafa pelos próximos 5/8 anos.
Por último chegamos ao Sagrantino di Montefalco 25 anni, um vinho só produzido em safras excepcionais.
Fez seu debut com esse nome com a safra de 1993. Esse extraordinário tinto confirma a qualidade da safra 2004 na Úmbria. Esse Sagrantino in purezza pode ser considerado quase um remédio para nosso sistema vascular tamanha quantidade de polifenois. É também retinto. Ainda mais intenso na cor se comparado com o “irmão” Collepiano. Muito denso e viscoso.
Conjunto aromático bombástico, mesmo estando ainda em sua pré-juventude. Muita fruta negra de boa qualidade, madeira e baunilha bem presentes (provenientes de 24 meses de estágio em barricas de carvalho francês), seguidos de um final mineral de dar água na boca. Conjunto de boca fenomenal, pois é um vinho muito cheio, vivo e rico.
Os Taninos ricos em poliflavonóides são de imensa profundidade. Vinho colecionável, apesar de estar delicioso hoje, deve permanecer na adega por mais alguns anos para atingir sua maturidade, que deve acontecer com mais 3/4 anos. Depois desse período continuara evoluindo em garrafa por mais 15 anos. Também foi degustado em 2009 e melhorou sobremaneira nesses 2 anos. Suas avaliações são consistentes.